CANTADEIRA.
Vejo-te passar só, despercebida,
Levada pelas ondas da vida
Que o destino traiçoeiro traçou,
A donzela elegante e cortejada,
Cantadeira por todos admirada
Perdida na ilusão de quem amou.
Vê as primaveras que passaram!
E em teu lindo rosto deixaram
Rugas a marcar tua condição,
Pelos caminhos percorridos,
Deixaste em teus dias sofridos,
Amores, desenganos e paixão.
Sobram em teu peito as saudades,
Das canções entoadas nas tardes,
Junto ao fontenário a borbulhar,
Ao som dos trinados afinados
Cantavas com garra lindos fados,
A todos prendias com teu olhar.
Caminhas lentamente à beira-mar,
Onde as gaivotas vêm lembrar
Os amores que um dia partiram
Em veleiros de canções e paixão,
Roubaram para sempre teu coração,
Em teu rosto duas lágrimas caíram.
Na areia deixas os silêncios do amor,
Em teus lábios uma canção de louvor
Levada pela suave brisa do mar,
Quando em longas noites de solidão,
O choro e lamentos do teu coração,
Para sempre na praia irão entoar.
LuVito.