Cantando no Céu

Quando não existir mais nada,

Me deixa apenas uma escada para eu subir até os céus.

E lá quero ver mil portas,

Sem trancas de ferro ou cismas,

Sem placas interditando a passagem

Dos meus sonhos inocentemente pensados.

Quero entrar no teu mundo,

Me ver sitiado por asas ruflando em cabides aéreos.

E te ver num musical dos anos cinqüenta,

Com o guarda-chuva de Gene Kelly e dançando Broadway Ballet,

Marcado docemente pelo aplauso dos anjos.

Lá, São Pedro, bilheteiro, distribuindo ingressos,

E Deus, de folga, numa poltrona, ao lado de Chaplin,

Assoviando com vento danado e fazendo voar

O chapéu de ganso da Virgem Nossa Senhora.

Quero chegar a tempo e sentar na primeira fila.

Quero sentir teu perfume e as notas do teu canto.

Quando for a hora de não existir mais nada,

Prometo acordar mais cedo e te ver ainda no camarim.

Vou te dar as flores que eu colhi na esquina do meu primeiro sonho.

Vou aplaudir...

Vou sorrir...

Vou chorar...

Vou te esperar sob a chuva de elogios...

Quero te ver descer degraus de nuvens.

E te ver partir numa carruagem...

Vou apanhar o teu aceno e guardar no bolso da camisa

A marca dos teus lábios.

Tom Lazarus
Enviado por Tom Lazarus em 02/08/2007
Reeditado em 08/08/2007
Código do texto: T589649
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