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Alguém quase me matou outra noite e não me recordo ao certo quem foi, mas lembro de que foi de uma forma cruel, uma forma que eu nunca pensei que iria acontecer, foi súbita e fatal sabe? Como aquelas cenas de filme onde você simplesmente é pego de surpresa e tudo fica escuro, me mataram com ódio e falta de reconhecimento, me entregaram nada além de sofrimento, foi sem sal e sem gosto, foi como um amor morto - fui tentar demonstrar certo sentimento e recebi de volta nada além de um breve sopro saindo entre os lábios dela vazios de qualquer pudor, apenas um sussurro dizendo “vá embora amor” e então ela se fez sombra diante das minhas mais doces comedias românticas criadas em meus pensamentos mais profundos, ela se desfez assim como areia que eu ei jamais deixar viver, o gosto dela se foi, a cor dela apagou, os movimentos dela se tornaram robustos e petrificados e aquele sorriso correu em direção a margem do rio e se afogou e tudo aquilo que eu apreciava dissolveu em mim. Odiei ela por isso ao mesmo tempo em que quis amar, suportei as dores ao mesmo tempo em que quis mata-la, abracei com força mesmo não podendo segurar e então soltei e ela voou como folhas secas em tardes de outono levando consigo eu e meus sonhos. Jurei para meu próprio ser em frente ao espelho da ilusão e gritei “em mim jamais surgirá nova paixão” isso eu consagrei e assinei em mim com as marcas de lagrimas secas, mas não durou muito, durou até aquela sexta e no meio da noite com sons de vultos cinza, pessoas vazias preenchidas com falsa alegria eu te encontrei, te beijei e imaginei jamais te imaginar novamente, coloquei sua essência em minha filosofia da madrugada e só o som da tua voz consegui ouvir, mais nada, mas lembrei do teu rosto, o gosto dos teus lábios perfeitos e lembrei exatamente do teu cheiro, mas quem era você que roubaria meu peito cheio de magoa? Quem seria você que me encontraria em meio da falta? Foram as questões que trouxe a tona e que você respondeu quando disse “olá, prazer” naquela alvorada ao entardecer, a ressaca já nem me incomodava mais e apenas o som do celular me trazia paz, saímos, nos conhecemos, conversamos e agora estamos aqui, o que será de mim, de nós, de ti? Não faço ideia, mas desejo prosseguir e rir de muitas histórias, muitas versões, passar por tudo isso com emoções e lhe proporcionar algo novo, um amor de ouro que irá guardar, no peito cheio de alma e quem sabe juntos prosseguir essa dura estrada que costumava chamar de vida e que hoje aprecio graças a ti. Se de fato será assim não sei, de qualquer forma, amei te ver!

Matheus Augusto Buarque
Enviado por Matheus Augusto Buarque em 31/01/2017
Reeditado em 26/10/2017
Código do texto: T5898560
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