*_ PERFUME DE VESTIR...

E ele veio tão naturalmente quanto me foi
possível entender.
No silêncio cheio de mil sons.
E foi assim na quietude que entendi ser ele
a melodia das estrelas.
Sem bagagens, sem raízes.
E vestia um perfume que não era conhecido
nesse mundo. Talvez Deus tivesse criado só
para ele.
Um perfume que ludibriava os encantos de
almas femininas. Que entrava pelas janelas
do coração quebrando as correntes dos
cuidados em se envolver.
Seu perfume não só vestia sua alma e o
corpo, era a embalagem criada pelos
artesãos de Deus.
Havia nele um cheiro de imortal, claro que
minha mente pregava-me peças criando
essas loucuras.

Mas sempre gostei de viajar.

Ele era a extração de óleos das flores,
através da destilação dos campos. Cheiro
de mato, de abelhas laranjeiras, e da noite.
Um leque ilimitado de combinações.
Se o céu tiver cheiro, ele terá essa essência.
Seu corpo era o recipiente e a fragrância
mudava conforme seu andar...
Em meio a tantas possibilidades, coube a
mim decifrar harmoniosas composições e
interpretar o mistério que eu jamais
entenderia.
Mas o tempo foi curto demais nessa
existência.

E ele partiu assim como veio, levando as
chaves de um coração...