Singular

Nada me fez conhecer mais o amor do que quando eu não o senti;

Na ocasião em que me vi tentando estar com alguém por quem eu

jamais iria até o fim

No momento que percebi que não teria orgulho de mostrar a todos

que eu o amava

Nos nuances em que eu jamais me vi morrendo por ele

Nem acariciando sua face com prazer

Muito menos encostando o meu nariz no dele e levantando o olhar

Para ir de encontro ao dele

E os silêncios em que o sorriso mútuo era um berro, não existiam mais

Porque tudo isso foi o que nós éramos,

E ninguém, mesmo estando comigo, me fará ser assim de novo

Unicamente com você vejo-me conversando por anos

Seu cabelo é o único em que eu quero afogar o meu tato

Tua barba é a única que quero sentir cortando o meu rosto

Por fim,

Tudo o que já foste, o que és e o que sempre pensou em ser

É justamente o que necessito enrolado junto a mim

Para todo o sempre,

Pois,

Todo o resto

E todo o todo

Não ultrapassa a mera linha do carnal e substituível,

Enquanto você,

Meu singular,

É a barreira inalcançável do que ninguém jamais será,

Para mim.