MINHA NAMORADA AMADA
A minha boca fechada, a minha mente calada,
Gosto do momento do nada, da vida parada,
De uma época passada, que a gente tinha namorada,
A moça recatada namorava na calçada
De saia rodada toda enamorada
Pela mãe era vigiada, e o pai era uma parada,
A mãe na parede encostada, o pai com a espingarda preparada,
Qualquer bolinada vinha àquela torcida
A velha engasgada, e a filha sufocada,
A gente com a mão gelada, e a moça espiritada,
Se inspirava na noite estrelada, e romanceava com a lua prateada
Esperando ser beijada, estava desconsolada.
Porque como a mãe ali parada ficava frustrada,
Mas quando a velha dava uma cochilada, a moça acalorada,
Vinha para nossos braços de rebolada, em pé empinada,
Obstinada e desvergonhada
A hora era chegada, agora era tudo ou nada.
A boca carnuda beijada
A vergonha desnuda, a alma lavada,
A recompensa da esperada se encerrava nos braços da amada.
A volta da velha acordada reparava na roupa da filha amassada
E toda descabelada, a velha me dizia que a hora era chegada.
Não tinha despedida, a velha me mostrava à estrada.
E de volta para casa na estrada pela lua iluminada
Na minha égua montada, eu delirava na cavalgada,
Dava risada e sonhava com a amada...