DESPEDIDA

Chora minha alma, porque o crepúsculo invade o horizonte e aos poucos desfaz seu acortinado colorido na longevidade da beleza de seus sonhos.

Porque os rastros belíssimos do SOL estão sendo apagados com o estrear da escura noite, funesta em seu véu sem estrelas e sem luar.

Chora minha alma, porque os pássaros recolhem-se em seu leito pêndulo e tênue, em árvores amistosas e, já não estão atentos aos ruídos e ao silêncio dos desmoronamentos noturnos, mas entregues ao seu profundo sono não cantam e não embalam os sentimentos, solitários em tempos dispersos e em espaços desérticos.

Chora minha alma, pois a brisa que outorgada e gélida suavizava a ardência das feridas deu lugar a uma ventania intempestiva e, aborta a veleidade recíproca no avançar dos sonhos.

Porque o solo torna-se estéril, não lhe interessa o abrolhar das sementes nem o seu cultivo e no seu abdicar, surge a água atônita, triste, lacrimosa em si mesma, no encharcar agreste do seio terrestre.

Chora minha alma, porque as esperas funestas em si mesmas tornam-se inválidas e reconhecem-se baldadas numa amanhã sem nexo, no presente reverso e indolente.

Alegra-se minha alma, pois o albor rompe com a inimiga noturna que dissipava os sonhos e resigna lugar ao brilho do SOL, distante em seu núcleo, mas alegre em sua essencialidade.

Canta minha alma, pois o céu se exibe fulgente e esplêndido e tudo que o finda impera-se na conciliação de seu encanto.

Silencia minha alma, pois tu és o acolhimento acautelado, secreto e eterno, deslocando toda desenvoltura imérita, outrora consentida.

Cala minha alma em si mesma e, em si mesma atém o AMOR inexaurível.

Mary Sol

Mary Sol
Enviado por Mary Sol em 22/03/2017
Código do texto: T5949001
Classificação de conteúdo: seguro