O SOPRO DA SAUDADE

Açoita-me sem escrúpulo ao cálice

Tange-me numa direção imprecisa

E sua voz segreda-me sem destino

Sem advento sensato...

Voz tua, sussurra-me.

Arrasta-me e faz-me vaguear

Por entre os arbóreos de meu passado

Sem a coeva confiança, incisiva, de onde chegar...

A brisa de tuas carinhosas lembranças

Resfria minha dor e acaricia minha tez

Afaga minha alma e acende meus risos...

Tuas palavras murmuram na minha alma

Refletindo-a em lances que a alentam,

Aleitam-na espera...

O temporal munido com tua ausência

Espantosa, contra apontando-me

Velada em tua lacuna

Déspota e atroz em si mesma

Acoima minha essência...

O querer atmosférico, da busca e da espera vã

Na contra mão, de múltiplas direções

Confuso, agita-me o corpo

Acabrunha-me o cerne...

A consternação de mim mesmo

Acondicionada entre encantos e precipícios

Fala-me e engana-me

Sua réplica e, o silencio do meu silencio vívido

Cortado com soluços de minha alma...

Mary Sol
Enviado por Mary Sol em 25/03/2017
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