Folhas quebradiças

Meu silêncio se esvai.

O corpo pouco fala.

Traduz na insistência, qualquer coisa.

Uma simples folha trincada pelo

mal tempo, encarrega-se, vai digerindo

meias palavras antigas.

Jornadeio sempre onde ficam suas mãos,

gestos, um certo olhar, onde neles

me infiltro na luz do entardecer,

da noite valente.

Se estou perto ou longe, já não sei.

Se tirarem os passos românticos, que

são teus, deixo meus pés nus para trás.

Dê-me logo seu jeito moleque.

Em troca, lhe dou minha alma adolescente,

a pureza dos anjos e as gotas de amor

que desmoronam sobre mim.

Lhe dou o cheiro da terra que piso,

um pouco dos poemas de Luciana.

São feitos com a chuva passageira,

e o sol que faz parte deste solo.

Nunca deixe só esta poesia que te dei.

O verso se desvai com ela como

as folhas quebradiças do sertão.

Se perdem e eu perco o chão...

Luciana Bianchini
Enviado por Luciana Bianchini em 10/05/2017
Código do texto: T5995440
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