Amor no Templo Novo
O audaz triunfo da ode venusiana
Na enfloração de tua anca soberana
Me apraz cantar em versos de alabastro
Onde o Bonarotti do amor esculpe o astro
Cantaro cheio do mel lúbrico de encanto
Da poetiza que me ama e me quer tanto.
Pelas campinas onde amor sempre é Maio
Transborda já de Afrodite o brando raio,
Prenhes estações do encanto da beleza
Nectar jucundo que entreabre à natureza
O lábio pagão que contudo é sacro
Das filhas de Eva o amoroso simulacro.
Já reverdecendo pelo outeiro as flores
Aos hinos de Adão ensaiam mil langores,
Gruta do azul ,encerras o padrão mimoso,
Da celeste harmonia das esferas,e ditoso,
O barro não surdo aos céus fecunda o barro
Enquanto dorme de Apolo o coruscante carro.
As rosas triunfais tem o paraíso do aroma
Soa a voz fina da pétala de sua redoma,
As orquídeas do Cupido são deusas coruscantes
Plebeias nobilíssimas dos cálices afagantes,
As enamoradas violetas no esforço sem par
Incitam o pobre apaixonado a lhes rezar.
A cavatina de tais bocas é agasalho albergue
Que a dor do mundo em seus delitos torna leve,
O lábio aceso é um palacio em chamas
Esplende a poesia das vidas mais humanas,
Os sôfregos colibris que bebam a harmonia
Do casulo redentor os toques de ambrosia.
Ousado colibri, a quem a predagem dada,
Cumpre o teu papel na sedução sagrada,
Bate tuas asas no refrigério da vida em flor,
Vencendo o medo ao fora e a esfera do pudor,
Canta das florações o plectro dentre a hera:
Ressoa em teu imo o heroi,grato filho da terra.
As dadas flores do novíssimo tempo
Seja também dado o catar e o exemplo
Do voo audaz das aves masculinas
Desfraldem ovantes na gloria das campinas:
A nova geração rompe o templo novo
Dos rosais do porvir aberto para o povo.
Aligeros filhos da constelada terra
Ruge o estrepito ululante da guerra,
A revolução dos costumes unge o seio
Do novo par amante em amoroso anseio.
Aterra a tuba estridente dos heroicos vivedores
Ao brado de ambrosia nacarado dos amores.
O que era delito hoje não passa de direito
Homem e mulher correm ao coito perfeito
Cientes sabedores da potestade do desmaio
Antes que nas núpcias se dê o himeneu e Maio.
A poligamia é asas sanguínea bem sabida
E a musa do poeta não se tolhe de atrevida.
Salve, tempo novo!A tua erupção terrestre
Enfim libera ao cultor do amor o voo celeste!
Eis que essas flores venais, plenas de indulgencias
São defloradas nos bateis das adolescencias
Quando o verdejar ainda ensaia os despertares
Muito antes mesmo da dita cruel dos altares.
Melhor assim!Bebe o novilho em templo jovem
O despertar dos ímpetos que o movem,
O par adolescente preme o seio ao seio
O talento e o amor despertam no mesmo enleio
Desde os frescos anos da nadida inocência
Cresce em seiva vivaz,recresce em experiencia.
Não que o templario de nossos avos execremos
Zefiros adolescidos nos convidam que amemos,
Brisas fagueiras a incitar suaves
O frenesi do prazer de encontro as aves,
E num palácio de aromáticos coitos dourados
Adormecemos as Iris de ecos enamorados.
Com tal ternura revelara o ardente Abril
Pelos campos do amor a floração febril,
Rosas de orgulho empinando a beleza
Das pompas da estação da dada natureza,
Orquideas impudicas voando de galho em galho
Carentes e loucas por lírico agasalho.
A terna floração das violetas melindrosas
De seus encantos patativas deveras estremosas,
Tudo que fala a voz poética do amor
Irrompe triunfal à primavera do verdor
Que o bardo ,velho Fauno de um dia,
Puberes ecos de sua maturação colhia.