COMO MOINHOS DE VENTO

Ao menor sopro outonal,
se mexem languidamente;
assim são os amores despresumidos,
como moinhos de vento.
 
Ao menor deslize,
cortam lancinantemente;
assim são os amores contumazes,
como moinhos de vento.
 
Ao movimento destemperado,
se mantém firmes aos seus próprios eixos;
assim são os amores cautelosos,
como moinhos de vento.
 
Por uma sonatina barata,
se transformam e se vão;
assim são os amores escorregadios,
como moinhos de vento.
 
Ao simples elogio,
se ruborizam e se assustam;
assim são os amores inocentes,
como moinhos de vento.
 
Ao sutil galanteio,
requebram pior que cobras em festa;
assim são os amores desprendidos,
como moinhos de vento.

[Publicado em "Nós & Eles" - 200 anos de poesia. Edição Especial 2017, p.27. CBJE/RJ]