Cama e Mesa...

Vivendo e podando a vida,

Sorrindo com o que não se quer...

Toda a energia se vai se o prazer não vier.

Impingir-se o humanamente impossível

Causa danos desumanos...

Então, em meio à estrada havia um ninho.

Um menino Banbino o vigiava

E me falou dos passarinhos.

Disse pra eu soltar a voz e cortar os nós

As amarras, as peias, pra não me podar mais

E ser livre como eles...

Deixar correr a vida e mandar,

Pra outro lugar, quem assim não pensasse...

Ouvi suas histórias e também suas dores

Era menino crescido, já tinha amores...

Sorri, chorei junto e quando pude

Joguei a minha pouca luz...

Acho que lhe iluminei algum caminho...

Ele sofria um amor mal cuidado...

Devagar, sem que eu desse por mim,

Estava a rir, a brincar

A gostar de ficar assim...

Era um Banbino complexo.

Às vezes coerente,

Outras vezes sem nexo...

Quando dei por mim...Já era tarde...

Ardia no corpo e na alma

Uma chama...

Mas pra mim era dia, era hora

E pra ele era noite e fazia frio...

Que estranho encontro se dava

Era só descompasso...

Ele que me ensinara a soltar o laço...

E dançar a dança nua...

Ele se recolhia e eu de novo

Me podava e sofria...

Era uma música surreal...

Pra ser quem não era teria que ouvir

Seus conflitos e dores...

Era difícil me apresentar como tal

Amiga somente, presente...

Torcer o sentimento, engolir o cansaço...

Esquecer de mim outra vez, e assim,

Sorver o fel como se fora

Doce mel que cura...

Entre dois caminhos

Esquecer é o que podia...

Era estranho saber-me acesa

Para arder inteira, fogueira na rua

Pois queria somente ser dele

Cama e mesa...

Joselma de Vasconcelos Mendes
Enviado por Joselma de Vasconcelos Mendes em 13/08/2007
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