LASCÍVIA

Lascívia

Ainda que inclinado a me curvar a teus encantos

o corpo em fogo, a respiração ofegante

e o rubor na face a denunciar claramente

a todos que se me olham, o meu desejo arfante.

Ainda que a queimar minhas entranhas

na ânsia farta e forte de abraçar-te,

ávido a acariciar e beliscar teus túrgidos montes ,

mordiscar teus lábios e me saciar em teus beijos,

Ainda que me inebriando com teu cheiro

levemente disfarçado pelo chanell

E com a forma perfeita de teu semblante

que tal se me pareces quase nua, qual sob tênue véu.

Oh! Vênus terrena, deusa sublime do amor

que me embriaga, como se ao sabor de altas vagas,

no mar revolto e forte, em frágil escuna estivesse,

a mercê das tormentas e da malfadada sorte!

Resisto ainda assim, à essa lascívia

que me alucina e entorpece!

Debilitado e trôpego, respiro fundo,

cerro os punhos e reticente,

com um esforço extremo e profundo

dou -te as costas e me afasto ... lentamente!

Urias Sérgio de Freitas