Azul
Ele era azul.
Um tom escuro de azul.
Não sorria muito,
Mas era bonito como o oceano.
Ele era azul.
Mas pela manhã tentava ser verde,
Espalhava a cor pelo rosto como uma máscara,
Enganando a sí mesmo,
Fingindo que era feliz.
Ele era Azul,
Assim como o céu depois do amanhecer.
Não tinha muitos amigos,
Mas era sozinho que criava as melhores melodias.
Ele era azul.
Seus olhos também.
Tentava ser forte, como o preto.
Pacífico, como o branco
Mas acabava parecendo vazio, como o cinza.
Ele era azul.
E amava o vermelho.
O olhava de longe, cheio de desejo.
Sonhava com o seu toque, o gosto de um beijo.
E acordava no meio da noite
Envolto em cobertas suadas.
Ele era azul.
Odiava isso.
E na madrugada, tentava ser neutro.
Perdia a consciência depois de tantas garrafas,
Quando o ar do quarto já estava cheio de fumaça,
Tentando de alguma forma suportar a vida
Tingida pelos tons frios.
Ele era azul.
Azul era a cor da sua alma.
Gostaria de ter a alegria do amarelo.
A nostalgia do laranja.
E receber o amor do vermelho.
Mas não importava o quanto tentasse,
nada parecia ser capaz de mudar o azul refletido no espelho.