Olhos de Maga

Me espia com olhos de maga,

Uma nesga de lua

Em um céu polvilhado de estrelas.

- Brame ao longe uma e outra vaga, -

Os ventos de julho silvam na rua,

E cismam, adiante, às dunas removê-las.

O crocitar de um pássaro noturno

Mescla-se aos barulhos intermitentes

Junta-se ao burilar dos meus pensamentos

- Onde tua imagem prevalece a seu turno –

Sonhos, devaneios, todos tão presentes!

Interagem de forma indelével aos sentimentos.

Quisera esmiuçar o tempo, cortá-lo em fatias

Daí contemplar as atitudes nossas, juntinhos,

E paralisar a Grande Ampulheta dos deuses

- que impera conspirando contra doces dias –

Se nos importa o cálice bento dos justinhos,

Coletores do amor a afugentar os temerários adeuses.

Sinuosos são os caminhos dos emparedados

Íngremes as escaladas dos que não amam,

Suas sandálias sequer pisam o solo da eternidade

- Disto nós somos peregrinos inveterados!-

Somos das laias que da satisfação nada reclamam

Antegozamos nosso abnegado enlevo, com serenidade.

Rui Paiva
Enviado por Rui Paiva em 21/11/2017
Código do texto: T6177920
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