Estarei Aqui
Estarei aqui quando a neblina trouxer
gotas de chuvas de tempestade
onde ribombam trovões.
E trarás teus sonhos atados
à cauda de um relâmpago que se desprende
das nuvens carregadas e exibe suas artérias
crispando fogo e chamuscando o chão.
Aqui estarei quando as gramíneas
apresentarem a primeira flor a desabrochar
e o aljôfar crepuscular escorrer pela sua haste.
E muitas flores hão de brotar
e perfumarão a campina onde corcéis
dispararão em corrida, suas crinas a carregarem
a dolência de todos os silêncios.
Estarei aqui quando a terra bramir sacudida pelos mares,
ondas revoltas a depositarem o sal de suas águas
nas oníricas falésias que orlam a praia dos desejos
e a cuspirem conchas sobre as tépidas e brancas areias,
pois delas faremos guirlandas e colares e móbiles,
decerto mobiliaremos nosso ninho artesanalmente
com a ternura de nossos corações,
sorriso de sol e beijo de lua.
Aqui estarei quando os comensais chegarem
E sentarem à mesa para dividirem o pão
e tragaremos a sopa abençoada e quente,
qual o desejo de nossos corpos unificados, juntinhos,
do mesmo modo quando apascentamos estrelas.