Refém

Os estilhaços das palavras mal proferidas

estão aqui e ali, polvilhando cérebros,

provocando enfisemas nos brios alheios.

Tem a impetuosidade da flecha e perfura como uma cimitarra.

Tenaz!

O timbre da voz gera poucos resíduos, o que faz doer e corroer a alma,

é o destempero dos vocábulos, sem doce e sem marmelo.

Fosse eu imperador lançaria um Manifesto: Não fale, pense! E fale!

Mas eu pensaria antes de lançá-lo, pois pensar paga tributos,

tributos são do Rei e Vossa Majestade pouco pensa e muito age.

Mas volto às palavras: cedo se aprende a pronunciar não.

Palavra solta que provoca risinhos e palminhas,

mas sua evolução destoa e causa arritmia: dizer não magoa,

ás vezes dizer “não” é falar sim, e fica por isto.

E o não se torna avulso, informe, neutro, incompreensível.

Não te digo o que sinto, pois saberás o quanto te amo!

E temo por confessar-te!

Teus melindres hão de aprisionar-me, de ti ficarei refém...

Se eu fosse imperador...

Rui Paiva
Enviado por Rui Paiva em 22/11/2017
Código do texto: T6179537
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