Refém
Os estilhaços das palavras mal proferidas
estão aqui e ali, polvilhando cérebros,
provocando enfisemas nos brios alheios.
Tem a impetuosidade da flecha e perfura como uma cimitarra.
Tenaz!
O timbre da voz gera poucos resíduos, o que faz doer e corroer a alma,
é o destempero dos vocábulos, sem doce e sem marmelo.
Fosse eu imperador lançaria um Manifesto: Não fale, pense! E fale!
Mas eu pensaria antes de lançá-lo, pois pensar paga tributos,
tributos são do Rei e Vossa Majestade pouco pensa e muito age.
Mas volto às palavras: cedo se aprende a pronunciar não.
Palavra solta que provoca risinhos e palminhas,
mas sua evolução destoa e causa arritmia: dizer não magoa,
ás vezes dizer “não” é falar sim, e fica por isto.
E o não se torna avulso, informe, neutro, incompreensível.
Não te digo o que sinto, pois saberás o quanto te amo!
E temo por confessar-te!
Teus melindres hão de aprisionar-me, de ti ficarei refém...
Se eu fosse imperador...