Tuas Mãos

Declamei versos de amor no palanque

de uma arena medieval,

feras domesticadas engoliram o que proferi.

Ouvia-se apenas o furor dos ventos

a uivar por entre as colunatas em forma de arco,

até sibilar a esmo em meio aos pavilhões.

Um silêncio esmagador apoderou-se de mim

e, em leves movimentos, somente o deslizar das nuvens

em um céu assoalhado de vívido azul.

Me vi obrigado a cortar o deserto,

sem ponteiros para crivar as horas,

apenas um sol majestoso e vibrante, a dardejar-me

setas abrasadoras que me torravam os ossos.

Escalei dunas grandiosas, fiz do embornal o meu turbante,

e um oceano de areia se me apresentava adiante.

Acho que desmaiei!

Ao dar conta de mim, miríades de estrelas piscavam

sobre minha cabeça e eu a deitava sobre o teu colo.

Um folhetim de poesias repousava em tuas mãos perfumadas.

Mãos que me acariciam e me enternecem.

Mãos que me abanam e me amolecem ao sono.

Mãos que me transportam às lonjuras.

Mãos que me hipnotizam.

Mãos de fada.

Mãos que me tornam menino sonhador e viajante.

Mãos de magia!

Tuas mãos.

Rui Paiva
Enviado por Rui Paiva em 25/11/2017
Código do texto: T6181608
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2017. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.