Tuas Mãos
Declamei versos de amor no palanque
de uma arena medieval,
feras domesticadas engoliram o que proferi.
Ouvia-se apenas o furor dos ventos
a uivar por entre as colunatas em forma de arco,
até sibilar a esmo em meio aos pavilhões.
Um silêncio esmagador apoderou-se de mim
e, em leves movimentos, somente o deslizar das nuvens
em um céu assoalhado de vívido azul.
Me vi obrigado a cortar o deserto,
sem ponteiros para crivar as horas,
apenas um sol majestoso e vibrante, a dardejar-me
setas abrasadoras que me torravam os ossos.
Escalei dunas grandiosas, fiz do embornal o meu turbante,
e um oceano de areia se me apresentava adiante.
Acho que desmaiei!
Ao dar conta de mim, miríades de estrelas piscavam
sobre minha cabeça e eu a deitava sobre o teu colo.
Um folhetim de poesias repousava em tuas mãos perfumadas.
Mãos que me acariciam e me enternecem.
Mãos que me abanam e me amolecem ao sono.
Mãos que me transportam às lonjuras.
Mãos que me hipnotizam.
Mãos de fada.
Mãos que me tornam menino sonhador e viajante.
Mãos de magia!
Tuas mãos.