O QUARTO

Esta cama com os lençóis leves e macios

E aqueles quadros tão geometricamente

Presos nos espaços vazios da parede

Estão vívidos pelas suas lembranças

Os travesseiros soltos e volumosos

Sobre o colchão de renovados sonhos

O desenho da imensidão na parede

Aguardam a tua chegada desejada

Aquela cortina de tecido entreaberta

E os livros sobre a mesinha lá no canto

Descrevem a materialidade desse quarto

Revelando por si só a sua utilidade

Mas o seu significado mais íntimo

O sentido das coisas que agora vejo

Ficou perdido na falta da sua presença

Em breve o penduricalho de penas

Como um rito sagrado dos deuses

Estará novamente preso sob a porta

Devolvendo a alma para este espaço.