Ele sabe nada(r)...

A Palma de sua mão é cega

Não enxerga nem aquece

O dia que nasce com a cor do seu sorriso...

Não tem visão para engomar

O tecido encolhido da nossa saudade

E o que temos com isso

Se o mundo é veloz

E não estamos tão ligados

Nos ponteiros do relógio?

É porque o seu tato não tem audição

Não escuta o que falam meus olhos

E tudo se perde na amplidão...

Tente enxergar essa dor

Ela não tem som, mas pulsa!

Por ora ela cala, ora chora

E eu preciso acender o fogo

Que faz ferver a água

Que nos fará partir

E o que temos com isso

Se o mundo acabou de encolher

E somos tão grandes

Para caber dentro dele...

Já não sinto mais gosto

Nas minhas palavras

É que a estupidez cotidiana

Me fez perder o palato

Há tempo nem sei o que é degustar

Do carinho que nos acompanhava

Quando a gente sonhava em driblar a ira

E pegar o sol com a nossa pele

No mar do amor em nós

A pulsar a febre do corpo

Que não existia distante

Um do outro...

Agora, há pouco

Você nem sentiu o cinza

Do lugar onde nunca deveríamos estar

Porque nada justifica esse cheiro

De fim de tudo acabado

Depois que a gente já havia

Permitido os corações abraçados...

Espere mais uma onda

Não se sinta com pressa

Pois se o mundo é veloz

E nem somos tão ligados

Nos ponteiros desse tempo

Sem sentido...

É que a falta de visão

Nas palmas de suas mãos

Impede a você de enxergar

Que o amor não acaba

Quando o barco afunda,

Ele sabe nada(r)...