Trato

Vivíamos plenos de desejo e era tudo uma festa;

- nosso gozo, a farra e mais toda a alegoria, -

a gente vivia feliz em fazer loa e seresta,

e fazia tudo bem gostoso e com alegria.

Depois, começou essa coisa de segurar letra,

de ciumeira por nada e coisa nenhuma

e a gente se meteu em um monte de treta

e se deixou levar, sem perceber, pra parte alguma.

Nos apaixonamos e o amor tocou nosso coração,

e tudo, em vez de ficar melhor, parece que desandou;

o riso virou lágrima à toa, a palavra, discussão

e um monte de gente de nós se adonou.

Nossa ginga, nossa toada, tudo virou desaforo,

o silêncio fez da ausência uma atitude necessária,

o que era tão junto teve que dar tempo de foro

e forçaram nossas terras a uma reforma agrária.

Se apossaram do que nos pertencia, meu e teu,

entraram em nossa seara e se intitularam donos,

eu nem sabia mais se quem perdia era você ou eu,

mas nós dois tivemos que dar conta dos danos.

Se o amor chama por nós, - faremos tudo de novo -

reformulamos e voltamos ao nosso pacto de antes;

vivendo o inteiro prazer de gozar em meio ao povo,

fincados no silêncio e, deliciosamente, amantes...

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