Marias e Madalenas
O vento passou
sem vergonha,
levantando saias
e mostrando
as vergonhas
das virgens
Marias
e das Madalenas
também.
Isso poderia
me encantar
não fosse
tal pueril cena
uma miragem
de alma maçã.
O fruto na boca
é desatinado suco
de quereres.
da alma restara
apenas as migalhas
que os pombos
me bicam.
não sou mais
e nem mais serei
além disto
e do rabisco
e da mulata
e da branquinha
e das esquinas
e praças cheias
de saias.
quem és tu?
sou eu?
sou nós?
se sou eu
se sois vós
se são elas
elas que tem
pernas belas
e mais que isso
trazem consigo
um hipnótico riso...
vestidos de papel,
calcinhas de papel...
papel colorido,
rabiscado sofre
meu peito despido.
E lá se vão elas,
partindo triunfantes;
não me olham
mas levam consigo
o meu olhar.