Marias e Madalenas

O vento passou

sem vergonha,

levantando saias

e mostrando

as vergonhas

das virgens

Marias

e das Madalenas

também.

Isso poderia

me encantar

não fosse

tal pueril cena

uma miragem

de alma maçã.

O fruto na boca

é desatinado suco

de quereres.

da alma restara

apenas as migalhas

que os pombos

me bicam.

não sou mais

e nem mais serei

além disto

e do rabisco

e da mulata

e da branquinha

e das esquinas

e praças cheias

de saias.

quem és tu?

sou eu?

sou nós?

se sou eu

se sois vós

se são elas

elas que tem

pernas belas

e mais que isso

trazem consigo

um hipnótico riso...

vestidos de papel,

calcinhas de papel...

papel colorido,

rabiscado sofre

meu peito despido.

E lá se vão elas,

partindo triunfantes;

não me olham

mas levam consigo

o meu olhar.

Douglas S
Enviado por Douglas S em 21/01/2018
Reeditado em 21/01/2018
Código do texto: T6231843
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