eu queria saber te odiar
É uma cidade grande demais para mim
Não consigo acompanhar o movimento das ruas
Nem a solidão que aqui se implanta
Mesmo estando rodeado de pessoas a toda hora.
Eu sento na varanda do prédio
Com um cigarro e um café
Tenho comigo o barulho do trânsito
O sussurrar do vento
E o cheiro do seu perfume grudado na mente.
Um fantasma
Um tormento
Apertam meu peito
Me deixam a ponto de gritar.
Eu não consigo parar de escrever sobre você
Sobre a forma como jurou me acalmar
Sobre como fugiu e deixou que eu me afogasse em mim mesmo.
Eu não consigo parar de escrever sobre as suas mentiras
Sobre as vezes que nomeou de amor o que sentia
E como foi fácil para você se afastar
Eu não consigo parar de escrever sobre as noites
Sobre as crises e as vozes
E como eu desejo te odiar.
Pela manhã nada muda
É difícil sair da cama
Enfrentar o dia e a rotina
Quando a noite chega eu volto a chorar.
Tem apenas um xícara na pia
A cama nunca foi tão fria
Nem essa casa tão vazia
Nunca foi tão forte a necessidade de ver chegar.
Eu não consigo para de escrever sobre você
Sobre o calor do seu corpo nos dias de chuva
Sobre o prazer que só ele sabe me proporcionar.
Eu não consigo para de escrever sobre a curva do seu sorriso
Sobre o modo que via a vida
Sobre o jeito como adorava o nosso mundo, e como você o tirou de mim.
Eu não consigo parar de escrever sobre a sua malícia
Sobre a chama que acendeu na minha alma
Sobre como ela queimou e deixou apenas cinzas no lugar.
Eu não consigo parar de escrever sobre o estúpido desejo
De que um dia para mim você retorne
Uma esperança vazia, doente e cruel
No fundo, eu só queria saber te odiar.