tóxico
Tomo os meus remédios com mais frequência
Eles perdem o efeito sobre a minha mente
Quase não conseguem mais me fazer dormir.
Me perco até mesmo no caminho de casa
Nos tons cinzentos da estrada
E nos braços do vício que deixei crescer.
Você sempre aparece no fim da tarde
Buscando companhia
Mas não parece se importar se eu estou bem.
Há um toque de verão na sua pele,
Um rosnado selvagem por baixo da voz.
Aquece o meu peito quando me olha
E afasta os monstros que me atormentam na solidão.
Respiro fundo quando vai embora
Carregando consigo as cores do meu mundo.
Ouço os ecos do som da sua risada
Pouco a pouco sendo ofuscados pelos murmúrios das minhas sombras
Sinto o frio da minha cama
E desejo o seu calor mais do que tudo.
Mas você nunca vai me amar
Ouvi dizer que não é o certo para mim.
Tem seus próprios alvos de afeto para cultivar
E não considera a menor chance de se molhar na tempestade do meu ser.
Eu queria que pudéssemos dançar no escuro
Que fôssemos mais do que jamais poderemos nos tornar
Tento esquecer, cuidar da bagunça que sou
Mas quando as vozes me cercam e caio bêbado no chão da cozinha
Você é a única pessoa em quem posso pensar.
Assim sua amizade se torna a minha ruína.
Não posso superar os meus sentimentos
E sem rumo eles alimentam o meu caos.
Não posso te esquecer e te tirar da minha vida
Estou preso, anseio por estar perto de você, mesmo que me faça mal.
Não sei como te dizer isso
Parece impossível te fazer enxergar
O quanto a sua simples presença me machuca
E a minha devoção doentia me faz afundar
Em rios de pedra
Em sons escuros
E quando tudo parece próximo do fim
Quando sinto o ar escapar
É você que também me trás para a superfície
E confuso, ingênuo, promete que logo tudo isso vai parar.