distração
Já é tarde
Escrevo cartas cheias de raiva
Só para atirá-las no lixo em seguida
Houve uma época em que escrever ajudava
Mas agora nem mesmo através disspo posso encontrar uma maneira de lidar com você.
Acabamos de nos despedir, eu sei.
Não estou obcecado
Disso todos os dias tento me convencer.
Mas ao me dar as costas em outras bocas você pensa.
Seus próprios amores platônicos
Enquanto eu definho sozinho e tento não enlouquecer
Depois de tantos anos, me pergunto se você ainda não entendeu tudo. Não sei se é bobo o bastante para não enxergar
Ou se é cruel o suficiente para me manter ao redor dos seus muros.
Sei que você não é para mim
Assim como não sou para você
O impossível é convencer meu coração disso
E impedir o ciclo de te odiar e voltar a te amar outra vez.
Ás vezes você me chama de amigo
Ás vezes é como se nem me conhecesse
Você dedica seu tempo a tantas pessoas
Mais inteligentes e interessantes do que eu
Enquanto toda a minha devoção se direciona
A alguém que nem deve se importar se estarei vivo ao amanhecer.
Há noites em que se sente sozinho
Há noites em que só quer ser você
Mas eu sou o único capaz de guardar um segredo desse tipo.
É para isso que eu sirvo
Te entreter quando ninguém mais parecer disponível
Você me arrasta para clubes diferentes
Onde pode beijar bocas diferentes.
E não importa quanta atenção de estranhos eu receba
Não é suficiente
Ainda mais quando assisto desconhecidos terem aquilo que mais desejo ter.
Volto para casa, sozinho e bêbado.
Aos pedaços.
Você dorme nos braços de outro alguém.
Já se divertiu o suficiente
E tem a certeza de que nunca vou contar a ninguém
Me recolho com o levantar do dia
Meu peito pesa, minha cama é fria
Não há lágrimas, mas é tão amargo.
Calo os meus demônios
Um a um
As vozes que aqui dentro gritam alto.
E no fundo, é impossível não alimentar a esperança.
De que logo logo poderemos nos completar e ser um só.