Manhâ de Carnaval...


Meu pai queria o pasto roçar
Para que o gado sossegado pudesse pastar
Pasto assim todo verdinho
Que acaricia a planta dos meus pés com carinho
Menina que corre livre ao léu
E atende pelo nome bíblico de Raquel
No sítio morava um velho colono
Que há muito havia perdido a visão
Terra cujo Jesus é o único Dono
Abra as asas do meu meigo coração
Moça que não sabia ser sagaz
E que foi trocada até pelo carnaval
Por um rapaz
Mas isso lá no fundo
Não chegava a ser uma pena
Se ele preferiu os prazeres do mundo
Esse mesmo mundo há de trazer
Um amor para essa singela morena
O velho colono dizia
Que sempre no verão
Desafiando toda aquela imensidão
Brotava uma orquídea flor
Branca e imaculada
Como uma noiva a espera do amor
E que ao ser tocada pelo sereno
Se tranformava numa simples moça de rosto moreno
Que ali no meio das ervas daninhas
Ela sorria...
Brincando de não se sentir sozinha
E que quando a foice ia ceifar a flor
A moça chorava...
Para que chovesse pingos de amor
E a flor pudesse desabrochar
Mas apenas o colono cego a via
No mais era tudo superstição
Pois em plena semana de folia
Não há de existir uma moça assim não...




                                       

 
Raquel Cinderela as Avessas
Enviado por Raquel Cinderela as Avessas em 09/02/2018
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