O FIM DE QUEM AMA
Na felicidade ou na infelicidade,
O lume do amor é onipresente,
E a sua luz própria é revigorante.
Na felicidade, para dividi-la com os outros;
Na infelicidade, para remediá-la aos poucos.
O amor só se sabe de repente
No imprevisível arroubo de um instante;
Habita no passado, no presente...
Quem sabe até no futuro distante.
Dar asas ao amor é viver como quem plana,
Torna o fardo pesado do dia mais suportável
Quando se anda pelo largo abismo da tristeza,
E a face clara da noite fica mais estrelada
Quando se alcança o cimo da montanha,
Tendo na base o sonho e no topo a gratidão.
O amor nada perde, antes tudo ganha,
Posto que quem ama sempre e de verdade
A vida simples que da natureza emana,
Em forma vegetal ou em forma animal,
Tem a leveza do vento e a força da beleza
Tanto em palavras quanto em atitudes,
Que tornam a visão do mundo mais agradável
Apesar dos defeitos e graças às virtudes
Inerentes à condição humana existencial,
Seja no fundo sombrio do poço onde a dor
Espelha o sol poente que introduz a noite cerrada;
Seja na montanha vistosa que reflete o fulgor
Do sol nascente que reluz na azulada imensidão.
Em todos os ritmos da poesia
Que a natureza declama,
Bate no compasso da alegria
O coração de quem ama.
O amor é cordeiro, não é fera:
Artista plástico das flores da primavera.