O convite do teu gesto...

Esperei pelo teu gesto

No olhar retirado da lua…

De que valem os beijos

Sôfregos… distantes… privados

Se não responderem ao furor enamorado do olhar

Extenso e singelo?

De que valem os beijos

Retirados… desajustados…

Se não procurarem, em repouso,

A ardência escondida do desejo?

De que valem os beijos, meu amor,

Se dos teus olhos não retiver

O infinito enternecido?

E de que vale esse desprendimento de infinito

Sem o convite do teu gesto?

Não digas…

Toma-me antes os olhos da alma

E escuta esta louca vontade morena

Que me confunde com a vigília…

Esperei pelo teu gesto

No olhar doloroso da lua…

(DIONÍSIO VILA MAIOR, in "Cântico Atlante", Coimbra, Pé de Página Editores)