Los Bacans III

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"Para poder morrer

Guardo insultos e agulhas

Entre as sedas do luto.

Para poder morrer

Desarmo as armadilhas

Me estendo entre as paredes

Derruídas

Para poder morrer

Visto as cambraias

E apascento os olhos

Para novas vidas

Para poder morrer apetecida

Me cubro de promessas

Da memória.

Porque assim é preciso

Para que tu vivas."

(Hilda Hilst)

Ah, Dionísio! Meu silêncio foi o presente

da minha alma e vida, tão velhas,

e do meu olho que vê além do que pressente

e escorre suas águas pelas telhas,

secando depois, no chão, ao sol do meio-dia

quando re-sonho meu mais antigo sonho

e acaricio cada tom do teu canto de cotovia.

Mas dói tudo em mim ao vê-lo tão tristonho,

ao vê-lo tão sofrido nesses preceitos,

eu, que o vi trilhar um estranho caminho

ao encontro do abismo e antevi seus efeitos

nem pude acalentá-lo em meu ninho.

Ah, Dionísio, não perdi nenhum movimento,

nem por um momento desviei meu olhar;

aqui e em outros cantos, vi teu tormento

e isso me feriu de morte, me fez sangrar.

Mas se quiseres, se isso te resgatar a alegria,

posso, por amor, para sempre desaparecer

para que te adaptes a ti mesmo em tua alegoria;

sabes que faria de novo. Já me acostumei a morrer.

À tua saúde, Dionísio.

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