As Flores Amarelas...


Aturdida com os afazeres do dia
Me pego sorrindo e me assusto
Só de pensar na poesia
Já sinto o palpitar sob o meu busto
Meu avô contava que antigamente
Peculiares eram os presentes
As moças sabiam se comportar
Como flores
Onde as pétalas se revelam bem devagar
Ele ainda era um rapaz
Quando viu
A bela avó da moça de Batatais
Foi para ele um momento supremo
Nenhum decote e nenhuma fenda
Mas toda a sensualidade de um corpo moreno
Ela vinha trazer o almoço na roça
Um simples viradinho de arroz com feijão
Moça matuta e até um pouco jocosa
Sem atributos de sedução
Andava com um vestido de chita
Segurando tímida um rasgado embornal
Numa época tão bonita
Ele se apaixonou afinal
O amor era simples como um teorema
Minha avó era uma singela morena
Que gostava de flores amarelas
E fez a vida do meu avô ser tão bela
Mulher sábia que ao homem conduz
Deixando sementes...
Foi morar com Jesus
Vendo meu avô tão triste
Ensinei a ele que a morte não existe
As vezes ele fica na janela
Com o olhar perdido lembrando dela
Mas o que faz bem aos olhos
Faz bem ao coração
A solidão as vezes também faz com que eu me perca
Mas eu plantei vovô
Árvores em volta de toda a cerca
Resiliência é preciso no final de toda jornada
Olha vô como a tarde esta iluminada
Os olhos dele se encheram de emoção
Recordou o amor vivido diante daquela visão
Todas as árvores eram de flores amarelas
Uma senhora deve estar sorrindo lá no céu
Um dia há de ser amada como ela
Sua neta Raquel...




                                                                      
Raquel Cinderela as Avessas
Enviado por Raquel Cinderela as Avessas em 10/03/2018
Reeditado em 10/03/2018
Código do texto: T6276111
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