Pianíssimo
[Ao Certezas, do blog, para quem chegou]
Que venha no acorde exato, no possível,
que venha em silêncio, mas que me toque;
eu quero viver essa nota e ela é acessível
ao que sabe a melodia, ao que me provoque.
Quero que essa música nos embale a ambos,
que seja diferente de tudo o que vivi,
que seja a melodia de valsas ou tangos,
- que seja como a letra que eu pari -
Desejo que me toque a pele (verdadeiramente),
que saiba quem sou e que me orquestre,
que faça a partitura, a letra e me tente
devolvendo, a mim, o meu tom silvestre;
das matas que cantam em alegria nas noites,
dos bichos que me habitam e que acompanho,
que eu não sinta mais os duros açoites,
nem sangre a carne num dolorido lanho.
Venha, toque-me, dedilhe, faça nova canção,
prometo que canto e conto meu segredo,
me entrego ao vivo e vivo todo esse tesão
nos teus braços de homem, sem medo.
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