NAS PAREDES DA ÂNIMA

Não é que eu seja incoerente, mas é que amo como humano irresponsável,

E mesmo que o medo seja um abismo, eu me jogo sem saber se tenho asas para voar,

Não significa que o coração esteja molhado por estar chorando,

Mas é que tudo isso parece uma fonte de água que verte para a vida dar.

E quando eu sonho me sinto gigante, e o mundo inteiro cabe na segurança da minha mão,

Mas quando acordo sou menino franzino, que está tímido querendo um pouco mais de ti,

E o profano rasga-se na pele sem sacrifício, viciando em cada olhar,

Querendo sentir todo seu corpo, para que um sonho não seja apenas por sonhar.

Tudo se faz como confetes de uma festa, que não quer terminar,

E a alegria que não se exprime, se espreme nas paredes da ânima,

Mas não é tão complicado descomplicar, mas o simples também não é tão simples assim,

E corre-se a vida como as águas de um rio, e ela passa sem poder retornar.

É tudo um labirinto no profundo daquilo que se pode racionalizar,

Na contramão do peito decidido como flecha que o alvo pode acertar,

E a cabeça e o coração criam esse abismo,

E nós nas incertezas fazemos nossas pontes para atravessar.

Não é que eu seja incoerente, mas não preservo a pele em doses pequenas de amar,

Eu quero mais, eu necessito, insisto, sou peixe, mas tento voar,

Mesmo quando tudo era confusão eu seguia,

Sobretudo, agora que sei o que quero ao te contemplar.