Destino e sonho

Quando a vi da porta

Mesa posta

Sobretudo carmesim

Cabelos anelados

Lábios sorrisos batom

Mãos segurando a xícara

Assim, de perfil

Tudo era anil

Ao fundo, do lado da janela

À distância era perfeita a luz

Uma sala enorme, essas casas antigas

Tijolinhos e vasos de flores compunham o ambiente

Samambaias e até vasinhos de margaridas, esse amarelo ao centro valoriza ainda mais o branco das pétalas

Ocupei a única cadeira vazia

A voz carinhosa me recebeu

Assim como o perfume discreto

Desses que não mexe com o paladar

Mistura de mansidão com liberdade

Não prende à atenção

Um piano ao fundo, o balcão alto

Não havia muita gente

Estava confortável e prazeroso o ambiente

Ela eu e aquela gente numa só calmaria

Um quadro pintado com a euforia do criador

E falamos tanto da vida e do amor

Falamos do sol e da lua

Do que estava acontecendo

Um olhar um momento

Um destino sorvendo a oportunidade

Seria apenas um destino se unindo ao fato

Seria àquela hora o tempo de outrora

Determinar a continuidade do que não pode acontecer

Adocicado o instante

Chá, pão de ló com canela

Tudo reverbera

O friozinho lá fora, o quentinho dentro, aconchegante

Janelas com vidros coloridos...

Descrever é a continuidade do aviso

O tempo passou e as luzes amareladas se ascenderam

Candelabros de ferro, lustres no mesmo material

Sombras solenes e calmas

E um cheiro caramelado tomou o lugar

Assim se anunciou o que partiu...

As mãos que se procuram e se acham

Os braços que se tocam num abraço

Bocas que sentem o sabor

Lábios encantados pelo derradeiro da hora...

Emmanuel Almeida
Enviado por Emmanuel Almeida em 08/06/2018
Código do texto: T6359227
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