Campo de Centeio

Sinto o crepúsculo me tocar

O sopro da noite fluir nas minhas veias

Escuro, o céu não tem estrelas

Nuvens se acumulam acima da minha cabeça

E entre clarões e gritos

Ameaçam desabar

Corro pelo campo de centeio

Pela estrada vazia que separa nós dois

Deixo para trás tanta coisa

A leveza dos meus passos me assombra.

Assim como a solidão que me cerca atormenta os pensamentos

E sorridente, bebe das minhas lágrimas

Há algo estranho no ar

A bruma carregada trás o cheiro da dor

Minha busca tem um propósito

Tudo o que eu quero é ir para longe

Mas não importa a distância

Ou as barreiras impostas

Nada se resolve,

a página não passa

A estação não muda

Estou preso

A liberdade só vem depois de matar o que tenho no peito

Ateio fogo ao campo de centeio

As chamas estalam, carbonizam os finos galhos

Consomem o meu corpo

o meu tempo

o meu ser

Esse amor se tornou doente, obcecado

Não é o tipo que quero ter

Ele arde

Me cega e sufoca com a fumaça escura

Mas é tudo que tenho para me aquecer.

Ele é intenso

É o fogo que se alimenta do centeio

Faz a minha alma brilhar

Ao mesmo tempo que faz a minha sanidade enfraquecer

Ele é bonito

Enche a noite com luz

Mas é solitário

Debaixo do céu noturno

No qual a lua não pode aparecer

Ele é tudo o que possuo

Ele é tudo o que me mata

É tudo o que preciso esquecer

Sendo assim, não fujo da chuva

Não me recolho diante o trovão

Suas palavras foram claras

Seu medo das chamas foi mais forte que o desejo de tocá-las

Me dando a tarefa por um fim ao caos que fluía do meu coração

E não habitava o seu

Permito que a chuva me lave

Apague o fogo do campo de centeio

E te arraste para longe.

Deixo que remova de mim o veneno que me entorpece

E que por engano chamei de amor

Torço para que o sol nasça e seque as minhas lágrimas

Para que queime as lembranças

Ruins e boas

Mesmo me fazendo sofrer.

Permito que a chuva me apague

E pela manhã, só restarão cinzas

Não existe mais espaço para lamentos

Tenho o queixo erguido

Mas confesso o meu receio

Me pergunto como um dia voltarei a atear o fogo

Me pergunto se ainda há centeio

Tenho medo de nunca amar ninguém do jeito que amo você

De passar o resto dos meus dias sobrevivendo como cinzas

Como uma simples fração do que eu era

Do homem, da chama, que sou capaz de ser

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