MAIS UM DAQUELES DIAS

Hoje é mais um daqueles dias que parece antecipar seu amanhecer,

Que as suas nuvens cinzas não conseguem clarear nem escurecer,

Exalando o mau cheiro de pensamentos que devaneiam como um veleiro em vendaval,

Onde tudo parece diferente, mas se observa paulatinamente revela-se igual.

Hoje é mais um daqueles dias em que a água parece não saciar,

E com toda sorte de respiração profunda, parece faltar ar,

Será que estamos vegetando para fazer cumprir um tempo,

Que sequer sabemos quem determinou.

Mas é tudo uma besteira, como uma tão curta viagem,

Que começa em tempestade e após a curva o sol volta aparecer,

E o asfalto que evapora toda a lágrima da cinza nuvem,

Revela um belo dia para ao seu lado morrer.

Não que queiramos a morte, ou cantemos o próprio funeral,

É que estamos assim, que de tanto pensar uma hora se apaga, paga,

E o que era complexo beira o irracional,

Investimos mais quando se limita uma vida inteira a morte, do que no esbanjo de tempo de um carnaval.

Hoje é mais um daqueles dias em que eu parecia estar petrificado,

Como um barco que no gelo não resistiu ao ficar ancorado,

Mas que dentre mil quimeras, bastou uma para viver,

Não estou só, se hoje faz sol ou se hoje ainda vai chover.

Hoje é mais um daqueles dias em que um beijo afastou meu funeral,

Que em uma troca de olhares montei meu carnaval,

Fazendo ver nos dias cinzas todo potencial,

Naquilo que é bom, e vai além do bem e do mal.