À Quatro Mãos

Meu corpo já estava acostumado,

Seu toque era tão familiar

Que eu sequer precisava falar

Pra ter meus desejos realizados.

Era assim, um prazer inusitado,

Uma conversa silenciosa

Que o meu corpo com o seu trocava.

E, tudo aquilo que não se falava

Se tornava eloquente prosa

Quando suas mãos o meu corpo lia

E, de um jeito único traduzia

O que palavras não podem dizer!

Onde agora a intimidade

Que nos proporcionou tanto prazer?

Onde se perdeu a felicidade

Que o peito mal podia conter?

Palavras não podem revelar

A magia que cabe num olhar,

Ou o sabor de um beijo desejado,

Qual maduro fruto a ser saboreado.

Talvez a linguagem da poesia

Quase fosse capaz de descrever

Aquilo que entre nós acontecia;

Meu corpo e o seu, na doce sinfonia

Que a quatro mãos a gente escrevia

E fez eternos aqueles momentos.

Hoje, se não estou mais do seu lado,

As lembranças me fazem companhia.

Nossos corpos foram silenciados...

Mas não posso calar meus pensamentos!