Inércia
Inércia
Neli Silva
Habituei-me a ver seus dedos
Apertados dentro das suas mãos vazias.
Habituei-me a inércia desse olhar parado.
Ao sorriso estático nesse rosto triste.
A languidez cansada dos seus passos.
Habituei-me até a contemplar sua
Irritante passividade
Às vezes Com benevolente tolerância.
Outras, com enorme sentimento de pesar.
Queria sua mão estendida
Procurando tocar a minha
Que há tanto tempo espera.
Queria um sorriso confiante
Neste rosto bonito.
Seus passos ligeiros correndo
Em minha direção
Seriam notas musicais
Aos meus ouvidos.
Quem dera fugisse de você
Esta quietude morna.
Quem dera a vida
O devolvesse á mim!