Objeto

Quem?

Alguém me saberá mais que ti?

Confesso, não sei.

Nesses pedaços de homem,

não há parte de mim

que parta livre, sem fim.

Eis o objeto que sou.

Objeto indireto e reto.

Sujeito zé-ninguém.

Objeto transitivo direto.

Sujeito sem vintém.

Objeto calado na voz

Sujeito só na oração.

Objeto de sorte atroz.

Sujeito a conformação.

Não esqueço de fato, não sei.

Saberei outrora ser diferente

na nascente d´outros dias.

Mil fraquezas me dobram

onde sobram os pecados.

Confesso, mas não sai.

De fato não sai a lembrança

onde sobram os pecados

e fraquezas d´outros dias.

Quem?

Alguém me saberá mais que ti?

Confesso, não sei.

Nesses pedaços de homem,

não há parte de mim

que parta livre, sem fim.

Eis o objeto que sou.

Objeto arlerquim, alegórico.

Sujeito sem rumo.

Objeto curumim, folclórico.

Sujeito sem prumo.

Objeto aluado, parabólico.

Sujeito ultra-leve.

Objeto barato, simbólico.

Sujeito de até breve.

Quem?

Confesso fingir.

Ao menos resistir à saudade.

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Nota: Esta obra foi originalmente escrita em 2006 e faz parte de um conjunto de textos resgatados e revisados, concebidos em outras épocas.

Felix Ventura
Enviado por Felix Ventura em 22/12/2019
Código do texto: T6824867
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