Os gêmeos (Caris Garcia)
Os gêmeos
(Caris Garcia)
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Assopram folhas caídas na primavera
Renascem em galhos secos de outono
Recriam-se incansáveis, no inverno
Ressurreição virginal em translúcidos verões
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Lá dentro a música toca eternamente
No silêncio mais profundo se pode ouvir
Apenas a harmonia perfeita se sente
A alquimia antiga do sumo do elixir
Vencido os labirintos que ao mesmo tempo criaram
Nada os separam, nem muros ou fronteiras
Usam os céus para rascunhar fogueiras
Jardins aos oceanos com sutileza disparam
Forjados há tempos, muralhas construídas
Todos os blocos criados em conjunto pelo casal
Os ousados se perdiam, sem achar saída
Ressurgiam em risos de qualquer temporal
Ecos e reflexos idênticos em medidas exponenciais
Refletem-se em cubos de espelhos
Equilíbrio insano de vencerem o próprio “mais”
Seus ninhos são flores, em tons vermelhos
Diamantes que reluzem cordilheiras em chamas
Sobrevoando a perspectiva do contraditório
Criam a linha imaginária até a invisibilidade em raios gama
Reflorestam desertos em pensamentos circulatórios
Em dias de trovão, pegam a caixa de metal
E guardam todos os sons ali emitidos
Só para lhes ouvir, em aleatórios momentos vividos
Imaginem todo o processo profuso, fenomenal
Desaparecem quando se levanta as cortinas
Aguardam todos cansados irem embora
Quando retorna o silêncio, é chegada a hora
Iniciam divinal orquestra, a harpa genuína...
Deixam intencionalmente a lâmpada do gênio aberta
E na liberdade primogênita atingir de vislumbre os agudos
Até o mais cético que os ouvem, se liberta
Idealizem! Os corais angelicais dos mudos
Em ecos e inaudíveis sussurros extasiados
O momento astral que atravessam universos em tornados
Em vibrações de escalas admiráveis
Não há limites para descrever seus cordéis
Deixam suas mãos na neve marcadas
E os corações guardados na mandala nunca vista
Apenas seus olhos gêmeos pousam nesta estrada
E assim unidos se manifestam na arte surrealista ...