Minh' alma
Minh' alma não perde a essência,
E ainda que embuida, em limítrofe dor,
Aguarda com calma e paciência,
Uma nobre e eterna história de amor,
Por vezes que deixei de sorrir,
Me sentindo cada vez mais fraco,
Minh' alma gritava, para não sucumbir,
As mazelas de tanto mal trato,
Por vezes me guiou a um belo jardim,
Que de minha mente nunca saiu,
Me envolvia em macio cetim,
Que meu corpo jamais possuiu,
Se minh' alma se viu destruída,
Jamais me deixou perceber,
Valente se mostrou possuída,
Pelo fruto do meu bem querer,
Minh' alma ainda sem cara metade,
Se fez um espelho gigante
Espalhando a doce e dura realidade,
De um coração tão amante,
E por assim dizer minh' alma errante,
Trilhou torpes caminhos,
Mas nunca deixou de ser tão vibrante,
Mesmo ferida de espinhos,
Isso por que minh' alma exala perfume,
Tonante como o odor do alecrim,
Ainda que seja pássaro implume,
Ou forte touro Cardim,
Minh' alma pura como olhar infantil,
Sofre em silêncio, pra não me magoar,
Mantém aqui um escritor já senil,
Que sente prazer no seu prosear,
Minh' alma, minha amiga querida,
Que não deixou o amor se apagar,
Que segura-me em plena vida,
Permita me te elogiar,
E tua nobreza em fim exaltar,
Afim de que se possa dizer em verdade,
As virtudes de uma alma amar,
Com força e serenidade...