Dom Quixote e Oráculo de Delfos

Eu escreveria um livro com tudo

o que você não sabe sobre os ritos do amor,

seria um belo petardo, embora

(para efeito da modéstia) incluísse tudo

o que não sei sobre ritos pós-cama

e declarações apaixonadas.

Seria um belo livro.

Teríamos uns leitores fanáticos,

alguns estabanados, outros desastrosos

e outros sensatos.

Não seríamos best-seller, claro,

mas deixaríamos o sentimento

em evidência, deixá-lo-íamos provar sua vitalidade

e, independente do resultado, estaríamos no camarote

erguido pelos escroques.

Você, querida, continuaria com essa doçura no olhar,

essas mãos suaves e este cabelo sedoso

em meu encanto e desvario.

Eu ainda seria o paladino de capa, espada

cavalo e greva e a solidão, invés de inimiga,

seria meu Oráculo de Delfos

e ditaria as rotas do combate.

Não te diverte essas ideias?

Não te diverte tais devaneios?

Acha mesmo que vacilo?

Que estou esparramado no excesso?

Querida, você não sabe como é doce pecar pelo excesso.

Grouchesco
Enviado por Grouchesco em 29/03/2020
Reeditado em 29/03/2020
Código do texto: T6900686
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