TEU MEDO
Eu sinto que me queres, mas o medo impera
Em cada gesto teu e em todo grito oculto
E enquanto tu contemplas meu humilde vulto
Eu faço do teu vulto a minha primavera.
Evitas me olhar e quando assim o fazes
Não deixas que eu perceba, és por demais discreta
E assim vamos comendo essa fruta secreta
Nas ceias solitárias das paixões fugazes.
Quando não me procuras saio à tua caça,
Bebendo o negro fel na taça da desgraça
Com a flecha da saudade me cortando o peito...
E estás em cada gesto meu, cada atitude!
Amar-te mais que devo é a maior virtude
E não ter-te em meus braços, meu maior defeito...