Borboletas no arrebol

Se vontade me desse agora,

eu poderia escrever para você poemas seguidos,

loas de mel no arrebol da solidão de minha cidade.

O silêncio do começo da noite me exaspera.

No começo de sua estrada eu plantaria flores perpétuas.

Azuis ou carmesim,

tanto faz.

Pés enfeitados em mentes fluidas.

O resquício do sol é laranja em seu rosto de esperanças novas.

Ave-Maria na igreja mal acabada de minha cidade.

A praça em reformas,

sua casa é em frente.

Você foi um bom amor e eu catando borboletas.

Espaço quântico e o amor desfeito.

Projeto de ruínas.

Já notou que quando a noite recolhe os últimos lampejos do sol,

as borboletas somem em seus cabelos?

Seda e recolhimento de crisálida.

Perfumes e arabescos de voos futuros.

O amor,

palavrinha custosa,

escrutina nuances eternas

nos corações sentimentais.

Adormecimentos na pele,

plexo solar descoberto,

lâmpadas se acendendo pela avenida,

insetos afoitos.

Releituras.

Se vontade me desse agora,

eu poderia escrever para você poemas seguidos

e cumprir parte de minha sina.