Próprio Amor

Chateada, ela caminhava. Olhos tristes, coração vazio de atenção. Seu amado novamente furara um buraco em seu peito e a tristeza a acompanhava a cada passo de sua jornada rumo a solidão.

Amava tanto a idéia de amar, que mesmo amando, sozinha estava. Seus amados não correspondiam ás suas expectativas; nem a eles, ela interessava. Ela preferia ficar com alguém para evitar ficar sozinha, mas sozinha sempre continuava; e se importava, dramatizava, como se adorasse viver aquela tragédia planejada; embalada com a sua própria dor, onde deveria ter um próprio amor.

Mágoas ela guardava; rendida, derrotada, lutando em manter alguém ao lado que nunca foi seu. A estima tão necessária para encontrar o príncipe que o universo lhe prometeu, sumia a cada passo seu e ela continuaria definhando, sofrendo e atuando nesse seu drama, menos grego, mais mexicano; do coitadinho ser humano, se não visse uma frase pichada no muro. A frase era para ela, não havia engano:

“Que mal fazemos a Lua e ao Sol quando os ignoramos?”

Uma frase, algumas palavras, como se fosse um furacão, a arrancaram do chão. Ela se viu e do que viu, percebeu que ela não passava de um poço de lamento e desilusão. Ela pensou, discerniu, ponderou e percebeu que não dependia de atenção para brilhar. Ela não precisava do espelho nos olhos do outro refletindo aceitação. Ela era o sol, a lua, em toda a sua dimensão e não poderia atrair alguém que viesse para ficar, se continuasse na sombra, a flertar com a escuridão.

Por fim, voltou a caminhar, dessa vez de cabeça erguida, pois compreendeu que só encontramos do amor, a jazida, quando temos estima por nossa própria vida.

Frank

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