Amaremorto

Morta, a folha se solta.

Voa, não volta, vai solta,

sem rota, à toa e torta,

até tocar a terra, morta.

Morta, a flor não perfuma,

não enfeita nem deslumbra

pétalas pendem, peso pluma,

e afunda na terra, morta.

Morta, a planta despenca.

Murcha, descora, se apequena.

Não cura nem ornamenta.

Desfaz-se na terra, morta.

Roto, o amor roda solto,

corda em volta do pescoço,

alma estilhaçada no corpo,

precisando só de um sopro

pra tombar cego, seco, sujo,

sobre o solo, morto e desnudo.

MARCELO MOURÃO
Enviado por MARCELO MOURÃO em 27/07/2020
Código do texto: T7018693
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