ENQUANTO VOCÊ DORMIA

como sempre ela quedou-se atenta

ao menor sinal e seu amor varou a noite

e as distâncias, indo pousar bem junto

àquele que dormia solidões e impossibilidades,

mas cujas palavras eram sempre aquele apelo

de suicida que ainda espera ser salvo por um

ato de amor...

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Viajo em pensamentos,

enquanto você dorme,

escuto a tua voz dizendo poemas,

o teu coração batendo cadenciado...

E assim, imóvel e entregue,

suspensa na borda de todas as ternuras,

adivinho tristezas, projeto-me na noite escura

e respiro contigo, atenta ao menor descompasso...

E então tuas palavras

voam como pássaros em céu claro,

misturam-se, fragmentam-se,

enquanto eu adivinho, eu busco

no teu respirar,

ora solto,

ora ofegante,

indícios de teus sentires.

E na tua voz me encantam sonoridades!

Um certo "O" (alongado) em a g o s t o,

uns erres carregados,

a emoção

nos versos mais pungentes,

nos versos finais, evocações,

nos tempos entrelaçados,

aquarela em claro-escuro.

Enquanto você dormia,

repousava em tanta calma,

no teu jardim havia uma flor

que de leve estremecia...

A ela nada importava,

senão estar viva ali,

saber tua vida e velar,

enquanto você dormia...

tania orsi vargas
Enviado por tania orsi vargas em 24/10/2007
Reeditado em 23/05/2011
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