Álbum de fotografias

Um movimento simples, ao pegar uma caneta,

Ao sorrir displicente, ao virar-se

Para olhar o que captura sua atenção.

Em tudo há, da divina criação, a beleza.

Teu corpo imperfeito, aos olhos teus, é,

Para mim,

O solo onde nascem as maravilhas

E tua mente um mistério demasiado grande

Para que eu o decifre,

Então eu desejo, nele, apenas perder-me.

Na derme jaz o desejo exposto, deitado

Nas chamas e tu,

Beleza atormentadora, nos meus olhos

Gravado a fogo, esfolando-me camada a camada,

Paixão, loucura, amor.

Quem há de dizer que na trilha

Do conhecimento mútuo

Não tem que jogar-se do abismo,

Explorar as fronteiras dos sonhos e então

Aprender que na insanidade do outro,

Amor pode haver e amar é tudo

O que se pode fazer?

E até onde vai a esteira que nos leva,

Eu não sei.

Quantas mais camadas podem ser tiradas de mim,

Quantas mais poderei vestir, até que

Se apague, em mim, a luz

E em minha casa haja apenas o silêncio,

Eu não sei.

Espero, porém, que esta casa seja um lar

Para ti,

Que haja nela um álbum de fotografias feias

Guardadas com carinho,

E que elas sejam as lembranças de nós dois.

Para que comigo repousem.

E que comigo permaneçam.

THR Oliveira
Enviado por THR Oliveira em 08/10/2020
Código do texto: T7082666
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