Amor aflito
Crucifica-me nesta angústia passiva
De amar-te em longa primavera,
em sacrifício d’última quimera,
numa flor sempre altiva.
Cismando em dor compassiva,
Sorrindo, e em teu corpo – quem me dera!-
Sonhar sonhos à noite! Mas esta fera,
Soluçando em sono, é viva!
Por isso não vivo por mim!
Não vivo, não creio em sonhos assim
De toda sorte, quanta sorte afim!
Mas basta encher, ah, mas basta!
Encher o ciclo da esfera p’ra meu ser contrito
Viver a natureza desse amor aflito!
Mayke Medeiros Rezende