Capítulo XXI – Me dê motivo / Nada de mãos dadas

Nada de mãos dadas

Fomos ver o mar

De mãos dadas

O sol suave

Nos queimava

Brincando na areia

Distraídos, não vimos

Nuvens que se fechavam

Convidou-me para entrar no mar

E fomos

Ainda de mãos dadas

Os pés a areia ainda alcançavam

Tão distraídos ficamos

Não percebemos

Que as ondas nos tragavam

Perdemos o chão

Não senti medo

Porque as mãos

Ainda estavam atadas

E teu sorriso tranquilizava

Mas a tempestade se anunciava

O mar agora esbravejava

Tínhamos que voltar

De mãos dadas?

Nada!

Senti teus dedos escorregar dos meus

Em direção à praia

Ia firme e forte dando braçadas

Sem olhar para trás

Não via que o mar me levava

Me afogava

Água entrando por cada poro

Como outrora entraras

Em lampejos de vida

Via que tu te salvavas

E não cogitaste voltar

Não eras do tipo que se arriscava

Jaz o meu corpo

Tudo bem!?

Não sabias

Que eu mal nadava

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R A Sil
Enviado por R A Sil em 15/11/2020
Código do texto: T7112427
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