Colabado amor

As vezes escrever parece dor

A caneta agride o branco do papel

Mancha a toalha da mesa em azul

Ainda que a mente esteja no céu

O corpo mergulha na devassidão

E o êxtase efêmero desnuda o véu

Da chama que arde ao léu

Que dor é essa de rima e flor

Que dor é essa com sabor de mel

A fúria das letras na solidão da noite

A doçura dos toques desse açoite

Que sofro girando nesse redondel

O furor da palavra se traduz em versos

Agressivas palavras do triste cordel

Vinho salvador que salva em torpor

O ódio e a dor colabados em amor

Luís Carlos Pileggi Costa
Enviado por Luís Carlos Pileggi Costa em 28/11/2020
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